Mauro Martiniano
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ENTREGADOR DE JORNAIS

Quatro e meia da manhã num dia qualquer entre os anos de 1.979 e 1.980. A aurora ainda nem está prestes a aparecer. E o garoto acorda ao trilar estrondoso do velho despertador. E ainda há o canto do galo, majestoso no poleiro dentro do galinheiro no fundo do quintal do Tio Zinho, a cocorocar por mais algum tempo antes que se amanheça.

O garoto se apronta rapidamente. Num susto, veste sua camiseta bege, tipo polo, e aquela sua calça jeans surrada pela tinta preta do jornal nas pernas, toma seu café com leite adoçado e, em pouco mais de vinte minutos do seu despertar, apanha a bicicleta na área dos fundos da casa, com as duas sacolas de alças penduradas uma em cada lado do guidão de sua possante “magrela preta”, e sai a pedalar em direção ao Jornal “Diário da Araraquarense” para mais um dia de entrega de jornais pela cidade.

Lá chegando, ao lado de outros garotos com a mesma missão, passa a dobrar e a encartar os cadernos dos jornais sobre uma bancada de madeira, para que, após encartá-los, acondicioná-los naquelas sacolas penduradas no guidão da bicicleta e sair pelo seu setor de entrega para distribui-los nas casas de seus assinantes.

E a tarefa é árdua. São por volta de 150 jornais para entregar, isso quer dizer que são aproximadamente 150 casas para se “jogar” os jornais aos seus proprietários assinantes. E as casas não ficam próximas. Às vezes coincide de ter uma casa cujo proprietário seja assinante daquele jornal, vizinha de outra casa, da qual o seu proprietário também é assinante do mesmo jornal, mas em sua grande maioria, elas ficam distantes umas das outras, fazendo que o trajeto a ser percorrido pelo garoto e sua bicicleta, seja bastante extenso.

Porém, desde cedo, e cedinho, o garoto tem energia e vontade de vencer. E ele vai, sem precisar descer ou parar o movimento silencioso da bicicleta, de casa em casa, pedalando e arremessando seus jornais, não sem antes dobrá-los em uma de suas mãos com o auxílio da coxa de uma das pernas, a fim de que o jornal pegue mais “peso” e “pressão” ao ser lançado na casa de destino e que este venha a cair em ponto “estratégico” e seguro no interior do jardim ou da área de entrada da casa de seu assinante.

E tudo isso para que, quando as pessoas começarem a acordar, já terem às mãos, as notícias “fresquinhas” junto ao café da manhã.

O jornal está lá!  Não interessa como ele chegou!… O importante que todos os dias o jornal chega às mãos dos seus assinantes, e estes podem desfrutar em tempo das notícias atuais antes de saírem de casa.

De madrugada e ao amanhecer, o entregador de jornais não mede esforços para entregá-los, um a um, de casa em casa de cada assinante, dentro de seu setor de entrega previamente determinado.

E todos os dias são assim, com exceção das segundas-feiras, dia em que o garoto, entregador de jornais, usufrui poder dormir um pouco até mais tarde, pois não se tem jornal nas segundas-feiras porque no domingo é folga do pessoal que os imprime.

Mas na terça-feira começa tudo de novo!  O trilar do relógio…  O canto do galo… O café com leite… O pedalar silencioso na madrugada… O peso das sacolas… Os arremessos certeiros dos jornais…

Ah, se fosse hoje…   Nos dias de hoje! A tarefa árdua e o pedalar silencioso do garoto, entregador de jornais, seriam substituídos pelos modernos maquinários de impressões offset e pelo acelerar barulhento das motocicletas…

O garoto só não teria tido a experiência do despertar desde cedo, e cedinho…   Antes da alvorada para a vida…

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