Cheiro de chuva
E o vento noturno e discreto me trouxe o cheiro de chuva,
num aroma que somente o verde campo me poderia trazer.
Vento de saudade que agitavam os violetas cachos de uvas,
num perfume que, apenas eu é quem sentia o velho prazer.
E o vento incluso e inseparável daquela chuva e seu cheiro,
balançavam ao fundo do quintal, as folhas das bananeiras.
E eu sentia aquele cheiro, pois num instante único e ligeiro,
em meu interior, me traziam boas recordações passageiras.
E a simplicidade da minha antiga e nova cidade no campo,
me fazia sensível aos vestígios da chuva que se avizinhava.
Da chuva que descalço, nas águas da enxurrada eu brincava.
E é nesse cheiro de chuva, que retorno à raiz e me acalanto,
pois aqui, no interior (minha terra) sinto o ar da lembrança.
Lembrança de mim, um invólucro imaginário do eu criança.