Canteiros de hortelã
Dos antigos canteiros do quintal
de pedras, restavam tão somente
as marcas dos tijolos que os rodeavam.
Porém hoje, aqueles banquinhos
de tijolinhos à vista estavam lá!…
Em formas retangulares e quadradinhos.
E eu me vi menino, sentado num
deles a balançar os quebra-pedras
sobre um tatuzinho para vê-lo virar bola.
Dali vi meu pai sob uma parreira…
Acho então que devia ser agosto,
porque ele podava os galhos da videira.
Só me desviei a atenção quando
ouvi gritos de minhas duas irmãs
que corriam com as Susis junto a elas.
E o pequeno vira-lata que fuçava
o pedal da bicicleta preta parou…
Só para também correr juntinho delas.
É tão estranho saber que um dia
tudo isso existiu. É só forçar um
pouco a visão e pular o véu do passado.
Esses personagens ainda andam
pelo quintal da velha casa, todos
os dias perfazendo as coisas de outrora.
Amanhã, pedirei para que esse
menino sente-se num daqueles
canteiros de hortelã próximos ao varal.
Lá pelas dez da manhã! Só para
ver minha mãe quarar as roupas
nas pedras quentes deste meu quintal.
E com essa visão irei prometer
enfim, que repararei com tempo,
tudo de bom que o tempo levou de mim.